ATA DA DÉCIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 15.08.1995.
Aos quinze
dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e cinco reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Às dezessete horas e vinte minutos, constatada a existência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Jornalista Milton Ferretti Jung, de acordo com o Requerimento nº
96/92 (Processo nº 1204/92), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn e aprovado
pelo Plenário. Compuseram a Mesa: Vereador Clóvis Ilgenfritz, 1º Secretário, no
Exercício da Presidência neste ato, Senhor Raul Pont, Vice-Prefeito Municipal
de Porto Alegre, Jornalista Milton Ferreti Jung, homenageado e sua esposa,
Senhora Maria Helena Frantz Jung, Vereador Daiçon Maciel, Secretário Substituto
do Trabalho, Cidadania e Assistência Social do Estado, Coronel Irani Siqueira,
representante do Comando Militar do Sul, Senhor Carlos Ribeiro, Diretor do
Correio do Povo e o Jornalista Firmino Sá Brito Cardoso, representante da
Associação Riograndense de Imprensa - ARI. Ainda, o Senhor Presidente
registrou, as presenças das seguintes pessoas: Jaqueline Jung Maia, Milton
Ferreti Jung, Cristian Jung, Lúcia Jung e Vitória Jung, familiares do
homenageado, Senhor Roberto Franco, Diretor de Patrimônio do Grêmio Foot-Ball
Portoalegrense, Jornalista Valter Galvani, Senhor Raul Ramos, Diretor da
Sociedade Ginástica Portoalegrense - SOGIPA, e Vereador Pedro Américo Leal.
Após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O
Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT e PP, discorreu sobre a
trajetória jornalística do homenageado, referindo-se a qualidade do noticiário
que ele apresenta com isenção, de forma concisa e objetiva. O Vereador João
Dib, em nome da Bancada do PPR, salientou a simplicidade, a lealdade e a
sinceridade do homenageado, lembrando que este sempre contou com o auxílio da
família, presente neste ato. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do
PFL, rememorou fatos que partilhou com o homenageado, elogiando as suas
virtudes de autenticidade e profissionais. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome
da Bancada do PTB, disse que o Homenageado é um marco importante na vida do
rádio gaúcho e de todos nós, salientando o merecido cargo de destaque que ele
ocupa na empresa onde trabalha. O Vereador Lauro Hagemann, em nome das Bancadas
do PPS e PT, refletiu sobre o tipo de profissional que é o homenageado, um
locutor, considerando-o um professor de Geografia, de História, um Sociólogo,
Antropólogo, Psicólogo, enfim, um artista da palavra. A seguir, o Senhor
Presidente convidou o Vereador Isaac Ainhorn e o Vice-Prefeito Raul Pont para
que entregassem o Diploma alusivo ao Título ora outorgado ao Senhor Milton
Ferreti Jung, concedendo, logo após, a palavra a Sua Senhoria que agradeceu por
essa homenagem a todos os presentes e à Casa. Às dezoito horas e quinze
minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, agradecendo a presença de todos e convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária de amanhã à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz e Secretariados pelo Vereador Isaac
Ainhorn, Secretário "ad hoc". Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário
"ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Clóvis
Ilgenfritz):
Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene. É com muita honra que
presido essa Sessão Solene, através do Requerimento nº 96/92, de autoria do
Ver. Isaac Ainhorn, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de
Porto Alegre ao Jornalista Milton Ferreti Jung.
Nós temos a nossa composição da Mesa com o Exmo. Sr. Vice-Prefeito
Municipal de Porto Alegre, Dr. Raul Pont; o nosso homenageado, Dr. Milton
Ferreti Jung; a sua esposa, Sra. Maria Helena Jung; o Secretário Substituto do
Trabalho, Cidadania e Assistência Social do Estado, Ver. Daiçon Maciel; Cel. Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; Sr. Carlos
Ribeiro, Diretor do "Correio do Povo"; e o nosso amigo Jornalista
Firmino Sá Brito Cardoso, representando a Associação Riograndense de Imprensa.
De imediato, passamos a palavra ao Vereador proponente deste Título
Honorífico aprovado por unanimidade por esta Casa, Ver. Isaac Ainhorn, que
falará como proponente e pelas Bancadas do PDT e do PP.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Nós poderíamos falar sobre vários
aspectos deste a quem a Câmara Municipal outorga o Título de Cidadão de Porto
Alegre no dia de hoje, uma vez que, há dois anos, esse título já foi concedido
e se constitui em lei municipal, apenas não tinha se realizado a entrega do
título de cidadania a Milton Jung.
Esta Casa está entregando, hoje, o Título de Cidadão de Porto Alegre
para o Jornalista e Radialista Milton Ferreti Jung. Justifico a minha
iniciativa por se tratar de um contador de histórias desta Cidade. Milton faz
isso há mais de trinta anos nas quatro edições diárias do "Correspondente
Renner" da Rádio Guaíba.
Certamente, os outros Vereadores vão complementar aspectos importantes
da vida do nosso homenageado. Vou deixar ao Ver. Reginaldo Pujol, seu
companheiro gremista, a apresentação das referências gremistas.
O nosso homenageado diz a milhares de ouvintes, todos os dias, o que
está acontecendo nessa nossa Porto Alegre.
Apesar de ter assinado uma coluna esportiva no "Correio do
Povo" e ter trabalhado na Televisão Guaíba, além de atividades paralelas
ao jornalismo, como sua passagem como redator em duas agências de publicidade,
Milton Jung é um homem essencialmente vinculado ao rádio, principalmente por
sua maneira inconfundível de apresentação do "Correspondente Renner".
Seu estilo de apresentação da notícia, a ênfase que dá a determinadas palavras
e até a ironia na voz quando dá algumas informações já são uma marca do rádio
gaúcho. Mas vamos para algumas reflexões.
Há quatro décadas, quando do surgimento da televisão, muitos
acreditaram no declínio e na possível superação do rádio. A televisão se
aprimorou; hoje temos até TV a cabo, e o rádio continua com a sua posição
inalterada, continuando a cativar multidões de ouvintes. E isso acontece porque
o rádio se adaptou aos novos tempos e seguiu, principalmente, o caminho do
jornalismo, e do bom jornalismo, que é exemplo ímpar o "Correspondente
Renner", que se impregnou na rotina dos ouvintes gaúchos e brasileiros
pela isenção ao informar, pela qualidade do noticiário apresentado e pelo texto
conciso e objetivo, tradição mantida desde a inauguração da emissora da empresa
Caldas Júnior na década de 50 e que, a partir de 1964, tem sido mantida pelo
seu apresentador, nosso homenageado de hoje, Milton Ferreti Jung.
Para confirmar a credibilidade do noticiário, basta mencionar o fato
significativo de ter um único patrocinador em seus quase 38 anos de existência.
Na sua atuação em rádio, no entanto, Milton não é apenas o "Correspondente
Renner". Ele é um grande coordenador de equipe esportiva e já foi
excelente narrador de futebol - para surpresa de muitos -, tarefa que exerceu
com isenção, apesar de ser um fervoroso gremista. Como locutor esportivo,
participou, nada menos, de três Copas do Mundo: em 1974, na Alemanha; em 1978,
na Argentina; em 86, no México. Marcou também sua carreira como locutor de
noticiário esportivo e a criatividade de seus textos chamaram a atenção de
agências de publicidade, como a "Standard Propaganda" e a
"Idéia", onde criou textos publicitários.
A carreira de Milton Jung no rádio é quase toda desenvolvida na Rádio
Guaíba, onde ingressou no primeiro ano de sua existência. Ele é natural de
Caxias do Sul, e foi lá que surgiu sua paixão pelo microfone, implantando
naquela Cidade um sistema de alto-falantes na Igreja Sagrado Coração de Jesus,
próximo à Rua 16 de Julho, no Bairro Floresta, onde residia. Mas a trajetória
profissional do nosso homenageado confunde-se com a própria história da Rádio
Guaíba, pois ingressou na emissora em 1958.
Nada mais justo que o Legislativo Municipal, na tarde de hoje, de forma
solene, conceder-lhe o Título de Cidadão de Porto Alegre, reconhecimento maior
da população de Porto Alegre através da sua representação política. Como disse
no início, um contador de histórias da nossa Cidade e cuja voz se confunde com
a própria história da Cidade. É uma marca permanente, sabemos que não só de
Porto Alegre, mas do conjunto do Estado, onde sua voz, o seu correspondente foi
invocado, inspirado até em roteiro cinematográfico, marcando uma presença
sempre firme e inconfundível. É por isso que nós, como legisladores da Cidade,
como representantes do povo de Porto Alegre, entendemos de conferir este Título
de Cidadão de Porto Alegre. Nada nos moveu mais do que essa dívida que Porto
Alegre tinha contigo.
Acho que nós conseguimos representar o sentimento do conjunto da Cidade
ao te conferir essa insígnia, essa cidadania que há muito tu já tinhas assumido
como porto-alegrense. Hoje tu és, Milton, um cidadão de fato e de direito da
nossa Cidade. Muito obrigado. Palmas.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos destacar a
presença dos familiares do homenageado: sua filha Jaqueline Jung Maia, os
filhos Milton Ferreti Jung, Cristian Jung, a nora Lúcia Jung, a neta Vitória
Jung, bem como do Sr. Roberto Franco, Diretor de Patrimônio do Grêmio Foot-Ball
Portoalegrense. Também queremos saudar a todos os jornalistas e trabalhadores
na área, colegas do nosso homenageado, na pessoa de um cidadão porto-alegrense
que está entre nós, que é o Sr. Valter Galvani. Registramos a presença do Ver.
Pedro Américo Leal. (Palmas.)
O Ver. João Dib está com a palavra para falar em nome da Bancada do
PPR.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Em meu nome e em nome do meu
companheiro de bancada, Ver. Pedro Américo Leal, quero dizer da satisfação de
estar nesta tribuna neste momento para saudar uma pessoa que merece o nosso
carinho e o nosso respeito: meu caro Milton Jung, o próximo Cidadão de Porto
Alegre.
Eu sempre ouvi dizer que as pessoas são mais felizes quando nascem numa
grande cidade, e o nosso Milton Jung nasceu numa grande cidade - Caxias do Sul.
Eu acho que até ouvi o choro do Milton Jung quando ele nasceu, porque eu já
estava lá. Mas ele deve ser mais feliz ainda porque uma grande cidade, maior do
que aquela em que ele nasceu, passa hoje a adotá-lo como seu cidadão. Então,
tem todas as razões para ser um homem muito feliz. Tem o respeito e o carinho
da Capital de todos os gaúchos. E agora ele vai poder dizer que nem Sócrates, o
Filósofo, quando lhe foi perguntado se ele havia nascido em Atenas e ele
respondeu: "Eu não sou cidadão de Atenas, não sou cidadão da Grécia; eu
sou cidadão do mundo". O Milton Ferreti Jung vai dizer: "Eu sou de
Porto Alegre e da Guaíba; portanto, eu sou do mundo."
Mas o nosso homenageado de hoje, que gosta de dizer que é o arauto das
boas e más notícias, para mim, é o poeta de bolso. É a melhor voz no rádio para
dizer as poesias de Mário Quintana, sem dúvida nenhuma! Todas as vezes que
posso, todos os dias que posso, eu assisto. Não vou falar nos comentários que
ele faz sobre esporte, que também eu assisto e gosto; de repente, ele fala
sobre Fórmula I, Fórmula Indy, futebol, basquete, vôlei, com competência. Mas
eu gosto mais das poesias.
Meu caro Milton Jung, ninguém recebe um título de Cidadão de Porto
Alegre ou honraria qualquer que seja tão-somente por seus méritos. É claro que
o Milton Jung tem grandes méritos. Mas não fora aquele seleto grupo de ouvintes
que sempre o estiveram aplaudindo, até quando o Milton Jung não estava se
sentindo tão bem - a Dona Maria Helena, a Jaqueline, o Cristian, o Milton
Júnior, que sempre souberam compreender todas as dificuldades e aplaudi-lo como
ouvintes assíduos da figura que tinha responsabilidade sobre eles, mas que era
solidário com eles -, talvez não estivesse sentado aqui, hoje, recebendo esta
homenagem. Portanto, quando eu disse "o casal homenageado", eu estava
falando nos dois; tinha que falar nos filhos, na neta, que estava por aí
chorando, e que é muito bom ter.
Milton Ferreti Jung é uma pessoa extremamente simples, e as coisas mais
importantes em uma pessoa são a simplicidade, a lealdade e a sinceridade. O
Milton é tudo isso. É tão leal, simples e sincero que não esquece daqueles que
um dia marcaram, por qualquer coisa, a sua vida profissional, como é o caso do
Capitão Erasmo, que ele não pára de lembrar em todas as oportunidades. É essa
figura que hoje a Cidade de Porto Alegre, na sua Câmara Municipal, na
representação política de toda a Cidade, cujos Vereadores são a síntese
democrática de todos os cidadãos, diz que merece o Título de Cidadão de Porto
Alegre. É uma honraria, mas é também uma responsabilidade. Aquelas boas coisas
que têm sido feitas pelo Milton, com aquela sua simplicidade, com sua
responsabilidade, com a sua seriedade, Porto Alegre agora espera que continuem
sendo feitas em escala maior. De novo a família terá que ajudar e os seus
amigos estarão aqui para aplaudir.
Nós, como conhecemos o Milton Ferreti Jung, não temos nenhuma dúvida:
ele não precisava de estímulo; ele vai sentir o peso da responsabilidade e vai
fazer muito mais por esta Cidade, na qual ele chegou com duas ou três semanas
de vida e a fez sua. Mas hoje a Cidade diz que o Sr. Milton Ferreti Jung é seu
filho, e um filho muito querido e muito ilustre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do
Sr. Raul Ramos, Diretor da SOGIPA.
Com a palavra, o Ver. Reginaldo Pujol, que falará em nome da Bancada do
PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Ilustres Srs. Vereadores, dignos
convidados, familiares do Milton Jung, prezado amigo Roberto Franco,
Conselheiro do glorioso Grêmio Foot-Ball Portoalegrense, que nesse ato
representa o Felipe Hermann, nosso Vice-Presidente de Patrimônio, o nosso
querido "cachorrão", que se exibe em ter entre o seu currículo a
circunstância de ter confundido o departamento de basquete do Grêmio com o
nosso homenageado por longo tempo; caro amigo Dr. Túlio Macedo, ex-dirigente do
Grêmio Portoalegrense, Diretor do Grêmio na jornada memorável de Tóquio, que
todos nós, inclusive o Milton, esperamos que se repita ainda este ano.
Meus Senhores e minhas Senhoras, a Sessão de hoje, decorrente da
iniciativa do inteligente Ver. Isaac Ainhorn, que, em momento inspirado, propôs
ao Legislativo dessa Cidade a honraria que hoje se concede formalmente, teria
de ter entre os seus oradores, com toda a natureza e com toda a justificativa,
a figura de maior destaque na figura do proponente dessa honraria que,
posteriormente, haveria de se transformar em lei e hoje ensejar esta ocasião em
que a Casa pode receber tantos amigos de Milton Jung, entre os quais se insere
outro Cidadão de Porto Alegre, que é o nosso querido Valter Galvani. O Ver.
Isaac Ainhorn, me parece, foi predestinado para ser o artífice desta homenagem,
até porque a circunstância de ele ser um colorado em processo de arrependimento
lhe dava a isenção necessária e suficiente para avaliar as qualidades
profissionais e morais do grande Milton Jung que, como Antônio Augusto, são
algumas pérolas do nosso jornalismo e que têm a qualidade pessoal e a
tranqüilidade de identificar a sua coloração clubística dentro da autenticidade
que lhes caracteriza. E isso não o faz menos digno do respeito de toda
comunidade gaúcha, como não o fez a Milton Jung desmerecer o reconhecimento do
Ver. Isaac Ainhorn que, esperadamente, propôs esta homenagem que a unanimidade
da Casa consagrou. Por isso, Milton, eu, que te conheço de tanto tempo, lembro
daquelas épocas, com o "seu" Verle na Guaíba - a gente ia tomar o
cafezinho no primeiro andar. Me sinto muito feliz em estar contigo hoje, aqui,
e é uma das gratificações que a gente recorda da vida pública, que tem uma
série de percalços, mas tem algumas gratificações excepcionais. Hoje eu vivo na
plenitude uma dessas gratificações. Posso, na condição de representante do
Partido da Frente Liberal, estar aqui usando da tribuna, me somando às inúmeras
homenagens que tu estás recebendo, me solidarizando com elas, aprofundando pela
minha palavra o carinho que tenho por ti e, sobretudo, na própria história
deste momento especial que a Casa vive, quando tu és, justificadamente,
reconhecido, adotado, na expressão do Ver. João Dib, como cidadão desta Cidade
- eu acredito que, desde o instante que começaste a palmilhar as tuas
atividades inspiradas de homem de comunicação, desde aquele período que, nas
proximidades da "Dezesseis de Junho", tu criaste aquele serviço de
alto-falante para começar a testar esta voz que seria timbrada tanto tempo, que
acostumou o ouvinte do Rio Grande a te ouvir em horários determinados no
comando do programa com que tu te identificaste - "Correspondente
Renner" -, esse mesmo Renner que hoje está no peito do nosso povo.
Milton, esse zumbido que tu acabas de ouvir não é nada que o nosso
antigo Omero Simon não pudesse resolver. É proposital. É o dedo fatal do
Presidente dos trabalhos me avisando que o meu período de presença regimental
na tribuna se esgota. Então, respeitosamente, eu quero concluir a minha
apresentação dizendo que, mais do que o gremista, mais do que o profissional,
mais do que o Cidadão Emérito, eu quero saudar o Milton Jung enquanto gente,
enquanto chefe de família, enquanto pai extremoso, enquanto companheiro que,
permanentemente, está com a sua família, fazendo aquilo que todos aqueles que
têm a tranqüilidade dos justos podem fazer.
A esse Milton, ao grande Milton Ferreti Jung, eu saúdo, neste dia,
dizendo a todos que não se alonguem também nos pronunciamentos porque, afinal,
as 18h50min já estão próximas e, mais uma vez, nós temos que ouvir o
"Correspondente Renner". Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença da
ex-Vereadora Bernadete Vidal.
Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja em nome da Bancada do PTB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) O Partido Trabalhista Brasileiro
não poderia deixar de estar presente neste momento que consideramos tão
importante para a Cidade de Porto Alegre e para todos nós.
Eu, há pouco, durante a tarde, falava com um homenageado também, um
homem de imprensa que recebeu esta semana a honraria da Cidade de Porto Alegre
e ele me dizia que estava, realmente, muito emocionado. Não imaginava que era
tão importante o recebimento do Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre e
até, na concepção dele, achava que era uma situação natural, passageira na vida
de cada um receber, de repente, uma honraria, fruto de uma homenagem de alguém
de sua Cidade, mas ele se emocionou muito, e eu sei que o Milton também deve
estar, neste momento, perante os seus amigos, perante todos aqueles que o
conhecem e que o admiram pelo seu trabalho sério e profissional que ele
desenvolve ao longo dos anos, que este é um momento muito especial na vida de
todos nós. E para nós, Vereadores da Cidade de Porto Alegre, prestarmos esta
homenagem a um homem que tem um vínculo tão profundo com todos nós, a um homem
que soube e tem sabido, ao longo dos anos, desenvolver um trabalho tão sério,
tão responsável como jornalista, como homem de imprensa, de rádio, é realmente
um momento muito especial, e o Ver. Isaac Ainhorn foi muito feliz ao propor
esta homenagem a Milton Ferreti Jung, porque esta é a homenagem que tenho
certeza que todos os porto-alegrenses gostariam de prestar.
Eu, um dia, encontrava-me na Redação da Guaíba e ficava olhando. Havia
ali os mandamentos éticos da profissão do jornalista, e eu sempre me toco muito
com essas coisas porque eu gosto de ver os bons profissionais, aqueles que se
destacam, porque na vida, realmente, se destacam aqueles que têm capacidade,
aqueles que têm condições de poder transmitir um algo mais para nossa
sociedade, e aqueles princípios são muito bonitos. Claro que a gente sabe que
nem todos são praticados, claro que a gente sabe que existem desvirtuamentos,
porque quem os utiliza são os homens, mas, na verdade, existem profissionais,
dentro de todas as áreas, que praticam todos os princípios éticos da sua
profissão e que são profissionais permanentes. E o Milton Jung é um profissional
dessa linha. Nós, que apesar de não termos tido a oportunidade e a felicidade
de convivermos mais amiúde, talvez na sua atividade de trabalho mais
permanente, mas assistindo ou admirando ou acompanhando-o no seu trabalho ou
indo de vez em quando fazer a nossa participação lá, na Caldas Júnior, sempre
com suas portas abertas para nós quando do movimento do Círculo de Pais e
Mestres, onde trabalhávamos mais intensamente, e hoje, aqui na Câmara
Municipal... Tanto no jornal como na rádio, o Milton sempre estava por lá e nós
trocávamos algumas idéias e ele dava algumas opiniões, e nós sempre
acompanhamos a participação deste homem que realmente é um marco importante na
vida do rádio gaúcho, que é um marco importante na vida de todos nós. Todos nós
temos uma ligação e uma relação com ele pelo trabalho desenvolvido.
Alegra-nos muito podermos estar aqui e prestarmos esta homenagem e
pedir que tu continues sendo este profissional sério e responsável que tem
recebido dos colegas o reconhecimento, até porque ocupas e sempre tens ocupado
cargo de destaque na imprensa justamente pela tua capacidade profissional.
Estamos muito felizes por estarmos aqui, hoje, prestando esta homenagem, e
receba dos meus companheiros que não podem estar presentes aqui, como o Ver.
Edi Morelli - que há poucos momentos perdeu sua mãe -, Ver. Luiz Braz, Ver.
Paulo Brum, que compõem a Bancada do PTB, a nossa homenagem, o nosso
reconhecimento e agradecimento por tu seres Cidadão de Porto Alegre e porque, a
partir de hoje, Porto Alegre estará melhor representada por mais este Cidadão
Emérito. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está
com a palavra pelas Bancadas do PPS e PT.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta Sessão,
neste final de tarde invernal, chuvosa, escura, deve-nos permitir algumas
reflexões sobre o tipo de profissional que estamos homenageando.
O locutor de rádio, o antigo "speacker", que deriva da
palavra inglesa, o locutor, é uma figura em extinção. Lamentavelmente, os
nossos veículos de comunicação, que se dedicam à nobre tarefa de informar,
nunca dedicaram a esta figura a importância que ela deveria ter. Nunca houve em
nosso País uma escola de formação de locutores, coisa que era corrente aqui,
nos nossos vizinhos do Prata. Por isso esta figura, para mim, é de uma
singularidade muito expressiva. O locutor, principalmente o locutor de
notícias, tem que ser encarado como uma figura de magistério de primeira
categoria. Ele, mais do que guardião da linguagem, ele é um professor de
geografia, é um professor de história, é um sociólogo, é um antropólogo, é um
psicólogo, ele é um artista da palavra. E o que é a palavra? É o código pelo
qual nós nos comunicamos.
É pena que os escassos minutos que nos proporcionam esse agradável
convívio não nos permitem descer a um aprofundamento até filosófico dessa
figura. O locutor, principalmente nos tempos que corremos, é uma figura
exponencial da sociedade, porque qual é o tipo de comunicação mais usual entre
nós hoje? É a comunicação oral. A comunicação escrita é difícil, cara. Há
muitos analfabetos em nosso País e muitos que não conseguem comprar um exemplar
diário de jornal. A televisão é um veículo urbano, abrange uma enormidade de
pessoas, mas o velho jornal ainda é o veículo ideal da comunicação massiva
deste País. O Milton, em determinado instante da sua vida profissional, não
atinge milhares de pessoas - atinge milhões de pessoas, porque o
"Correspondente Renner" não é
ouvido apenas em Porto Alegre; ele é ouvido no derredor deste País.
Porto Alegre é a capital mais meridional de um país muito importante da América
do Sul. Aqui se produzem informações diárias que afetam a vida de muitos
cidadãos da nossa circunvizinhança - hoje, mais do que nunca, com o MERCOSUL.
A figura do locutor, e, principalmente, a do locutor de notícias, está
sendo abandonada. O Milton ainda tem a ventura de ter o Milton Júnior como seu
sucessor: um "ledor" de notícias. Não é um contador de histórias,
Ver. Isaac.
Quero aproveitar essa ocasião para prestar uma homenagem muito especial
a um cidadão que faleceu sábado passado. Foi um dos primeiros locutores de
Porto Alegre, da Rádio Gaúcha, e um dos sobreviventes daquela época heróica:
Hernani Ruschel. Seu irmão, Alberto, outra figura exponencial do Rio Grande,
aqui se encontra presente. Toda a família Ruschel foi de radialistas, pelo
Hernani, pelo Nilo, que foi, também, locutor, diretor de rádio, pelo Paulo,
compositor, e pelo Alberto, integrante do famoso conjunto Quitandinhas
Sereneiders, ator de cinema, cantor, compositor. Isso valoriza a entrega desse
título.
Milton, nós temos juntos uma longa trajetória: fomos companheiros na
Rádio Guaíba. Eu lembro quando o Milton trabalhava na Rádio Metrópole, lá na
Av. Eduardo, agora Av. Roosevelt. Então, as nossas histórias remontam há muitos
anos, mas o Milton é sempre a mesma figura. E é esta figura que nós
homenageamos hoje. Porto Alegre tem este sentimento de gratidão que está se
revelando aqui nesta Sessão. Um dos seus cidadãos mais prestantes está sendo
homenageado aqui, e nós temos a ventura de cumprimentá-lo não como cidadão de
fato, que já é, mas, a partir de hoje, como cidadão de direito. Meus parabéns.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos a todos para
assistirem a entrega, através do Sr. Prefeito Raul Pont e do proponente, Ver.
Isaac Ainhorn, do Título de Cidadão de Porto Alegre e da Medalha ao nosso
homenageado, Milton Ferreti Jung.
(É feita a entrega do Título ao homenageado.) (Palmas.)
Temos a honra de passar a palavra, para as suas notícias, ao nosso
homenageado, o novo e mais jovem cidadão porto-alegrense, Jornalista Milton
Ferreti Jung.
O SR. MILTON JUNG: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.)
(Lê.)
"Nasci em Caxias do Sul, terra de minha mãe, mas desembarquei no
colo de meus pais, com apenas duas
semanas de vida, nesta Cidade da qual me fazem, agora, Cidadão Honorário, por
iniciativa do ilustre Ver. Isaac Ainhorn e bondade dos seus pares. Por ter
vindo novo para cá, sempre me senti porto-alegrense, sem que vá, neste
sentimento, o mais leve sinal de desamor à minha cidade natal. Como, porém, não
me considerar porto-alegrense se aqui vivo já há quase 60 anos, tendo neste viver
passado por etapas que só fizeram estreitar minha relação com Porto Alegre?
Aqui fui criança, andei de bonde, banhei-me nas então limpas águas do
Guaíba, pedalei minha bicicleta por todos os quadrantes e fui descobrindo aos
poucos os encantos desta Cidade, seus bairros, suas praças, seus cinemas, seus
sempre espantosos pores-do-sol e os estádios dos meus primeiros jogos de
futebol - a Baixada, o Eucaliptos, o Colina Melancólica, a Timbaúva, a Chácara
das Camélias.
Aqui, nos meus tempos de estudante, freqüentei vários colégios, desde o
jardim-de-infância, no Anchieta, o velho Anchieta da Duque de Caxias, e no
Rosário. Por um ano e meio fui aluno interno, em Farroupilha, de onde inúmeras
vezes fugi, rebenqueado das saudades daqui.
Aqui percebi que tinha vocação para o rádio e fui trabalhar numa
pequena emissora que, embora se chamasse 'Canoas', tinha seus estúdios na Moura
Azevedo, no Quarto Distrito. Nela permaneci por três anos até me transferir
para a Guaíba, na qual, primeiro, fui locutor comercial, mais tarde radiador;
depois narrador esportivo e, a partir de 1964, apresentador do 'Correspondente
Renner'.
Aqui casei com Ruth, que me deu a Jaqueline, o Milton Júnior e o
Cristian, que aqui se criaram, casaram e me presentearam com o Alexandre, com a
Abigail e a Lúcia, aos quais também quero como se fossem filhos. Aqui, depois
de perder minha mulher, casei com Maria Helena. Por último, aqui me transformei
em avô com o nascimento, faz pouco mais de um ano, de minha Vitória,
primogênita do Cristian e da Lúcia.
Fiz-lhes esse relato para justificar por que disse, no início desta
locução, que, apesar de ser natural de Caxias do Sul, sempre me senti
porto-alegrense. Não poderia ser diferente, tantas foram, afinal, as
experiências que aqui vivenciei. Não pensem, porém, que 'choveram no molhado'
ao me prestarem esta homenagem. Faltava um detalhe importante para reforçar
ainda mais os laços que me unem a esta Cidade: o Título de Cidadão Honorário,
que os senhores, legítimos representantes do povo de Porto Alegre, estão me
concedendo.
Por isso, sou-lhes imensamente grato. Muitíssimo obrigado."
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Na condição de Presidente
dos trabalhos desta Sessão Solene, como membro da Mesa e também representando a
Bancada do PT na Mesa Diretora desta Casa, queria, ao finalizar a Sessão, mais
uma vez dizer da nossa enorme satisfação em ter mais um cidadão e de este
Cidadão nos dar a honra deste momento tão feliz para Porto Alegre - Milton
Jung, sua esposa e seus familiares. Queremos agradecer à família Rádio Guaíba,
"Correio do Povo", que estão aqui prestigiando, a todos que estão na
Mesa trazendo o prestígio a esta Casa e a esta solenidade, a todos os senhores
e senhoras, dando por encerrada esta Sessão Solene. (Palmas.)
(Encerra-se a Sessão às 18h15min.)
* * * * *